A insubstituivel presença do Pai.

Sempre ouvir falar que deveríamos ter duas mães e não um Pai e uma Mãe, talvez isso pela mágoa, pela raiva, pela atenção e carinho de uma mãe, mas pela significativa falta que um pai realmente faz. Nada em circunstância nenhuma substitui, mesmo para aqueles que não conheceram o pai ou a mãe e foram literalmente criados por outros ou pela própria vida. Dizer que foi criado pela mãe e ela fez o papel do pai é uma fuga ou tentativa de justificar a falta. Escutar histórias de outras pessoas que vivem ou viveram felizes com os seus pais, realmente pode emocionar, mas a dor da  perda só pode ser sentida quando acontece com você mesmo.Tenho consciência que a morte é a única certeza que temos na vida, mas considero o importante é como morrer. O legado, os ensinamentos, a paixão, o amor, amizade, o companheirismo. Muitas pessoas buscam que a sua presença seja notada, mas o mais importante é que a sua falta seja sentida. Na perda involuntária e inegociável da vida, nos resta a lembrança,  deixar de lados as mágoas e conforta-se. Mesmos os corações mais duros, nessa hora se rendem, pais e mães fazem parte do nosso corpo, da nossa alma. Agradeço ao meu pai pelos bons momentos que vivemos juntos, apesar de terem sido muito poucos. Lamento a distância imposta, mas tenho certeza, que mesmo em pequenos momentos de lucidez do seu amargurado coração  ao longo desse anos, demonstrou o amor que tinha por nós. Pensamos que a vida é longa e temos tempo para tudo, que se pode deixar para amanhã o que deveria ser feito hoje, não é verdade? Mas não deu tempo de dizer adeus. Espero que aonde esteja agora, que tenha paz, conforto e saiba que nos fez muita falta em vida, que poderia ter sido diferente, que poderíamos ter sido muito mais que pai e filhos, amigos e companheiros, poderíamos ter sido um só. Um só corpo, uma alma.

In memoriam a Jurandi Rodrigues Cardoso Vieira, meu Pai.


Marciel