As micro e pequenas empresas correspondem a 98% das empresas brasileiras, a 67% das ocupações e a 20% do PI, segundo o Sebrae-SP. Mas o segmento registrou em setembro um número recorde de falências, ou 86 dos 89 casos, somente em São Paulo. De janeiro a setembro de 2009, o levantamento chegou a 627 decretos de falências no País, sendo 580 para micros e pequenas empresas (92,5%).
Os especialistas do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRC-SP) apontam caminhos e soluções para reduzir esse quadro de perdas, que em grande parte representa o comprometimento de todo o patrimônio do empreendedor.
De acordo com os especialistas, os empreendedores e seus sócios acreditam conhecer profundamente o seu produto ou serviço, todavia desconhecem a maioria dos pontos que interferirão nos negócios, como: mercado e concorrência; princípios gerais de administração; métodos e benefícios dos controles internos; importância da informação contábil geral e gerencial; conceitos para formação de custos; princípios do direito empresarial; princípios do direito do consumidor; legislação trabalhista; legislação tributária.
“O brasileiro é por essência muito empreendedor e pouco empresário. Muitos ‘estão empresários’, mas não pensam e não agem como. O empresário é aquele que se estrutura, analisa, projeta e planeja todo o empreendimento, sua capacidade financeira e as fontes de captação de recursos de forma a entrar e permanecer no mercado”, afirma o contador e conselheiro do CRC-SP Julio Linuesa Perez.
O também conselheiro Niveson da Costa Garcia, pós-graduado em controladoria, destaca: “Esses sócios não se aproximam por interesses econômicos puros, são pessoas ligadas por laços familiares ou de amizade, as relações são informais e isso dificulta o relacionamento societário e, muitas vezes, deteriora a parceria por desconfiança mútua e falta de instrumentos de administração e controle (controles internos e informações contábeis de confiança, que possibilitam provar a retidão dos negócios)”.
Patrimônio A confusão patrimonial também faz parte dos males que levam as empresas à morte prematura. “É comum encontrarmos bens de natureza pessoal (carro da esposa ou dos filhos, casa de praia, residência etc) sendo pagos pela empresa e, muitas vezes, até mesmo no nome desta. Da mesma forma, também encontramos bens econômicos produtivos em nome dos sócios. Ou seja, não se consegue separar o que é da empresa e o que pertence aos seus sócios. Tal situação pode caracterizar até mesmo crimes de natureza falimentar, além da responsabilização ilimitada dos sócios pelos infortúnios da sociedade”, diz Garcia.
Segundo o monitoramento da sobrevivência e mortalidade de empresas, realizado pelo Sebrae-SP há dez anos e concluído em outubro de 2008, 27% das empresas paulistas fecham no primeiro ano de atividade. Embora elevada, a taxa de fechamento foi a mais baixa do monitoramento registrada pela entidade, que aponta as principais causas de insucesso:
- Comportamento empreendedor pouco desenvolvido;
- Falta de planejamento prévio;
- Gestão deficiente do negócio;
- Insuficiência de políticas de apoio;
- Flutuações na conjuntura econômica;
- Problemas pessoais dos proprietários.
Os especialistas do CRC-SP ressaltam também alta carga tributária incidente em todas as áreas empresariais brasileiras, que dificulta concorrer nos mercados nacional e internacional; alto custo financeiro e complexa captação de recursos para investimento produtivo; falta de capital de giro do empreendedor.
“Podemos dizer que 50% do sucesso do negócio depende do caráter comportamental do lado humano do empreendedor. Ele, muitas vezes, se esquece do planejamento financeiro e do capital de giro. Imagina que ser empresário é ser livre, ter tempo para si e para a família e que ganhará muito dinheiro. Na realidade, o que sempre acontece é ter de trabalhar além do horário de expediente, ficar ausente da rotina familiar, não ter retorno financeiro de imediato e ter de reinvestir constantemente no empreendimento”, diz o contador, auditor e conselheiro do CRC-SP José Donizete Valentina.
Dados da Junta Comercial do Estado de São Paulo, da Secretaria da Fazenda, apontam que em 2009 os índices de fechamento das empresas chegam a 33,42%, informa a assessora do CRC Rocheli Diorio.
Da equipe do DiárioNet
Publicada em: 20/10/2009
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